A escrita científica é um processo que, como o psicanalítico, nos faz primeiro circular por entre as fendas de nossas vivências e tirar do que nos movimenta a energia necessária que será matéria-prima do trabalho a ser realizado. Os psíquicos e as configurações internas que se põem em cena são tão diferentes como intensos, porque a escrita psicanalítica não se limita a descrever, transcrever, copiar ou relatar. Ela é em si, uma vivência e, como tal, não poderia deixar de pôr em movimento intenso movimento para fazer frente a tudo o que será remexido em nossa estrutura estável psíquica. Assim, podemos descobrir a escrita psicanalítica, acima de tudo, como criação, invenção, descoberta e realização; e descobrirmo-nos como autores capazes de pensar, escrever o que pensar e assumir essa escrita. E aí deixar ganhar o mundo.