Reflexões sobre a construção de um instrumento político: contribuição ao I Congresso do Partido dos Trabalhadores veio a público pela primeira vez com o título PT em movimento, em 1991. Era o momento do primeiro congresso nacional do partido, realizado em São Bernardo do Campo dois anos após a primeira candidatura de Lula à presidência. O sucesso da campanha de 1989 trazia questões de dimensões inéditas para o partido, principalmente em relação às necessidades de se fazer alianças para viabilizar a chegada ao poder e sua sustentação. Florestan Fernandes, à época atuando como deputado pelo PT, estrutura sua contribuição defendendo a atualidade da tarefa de se construir um instrumento político da classe trabalhadora para a transformação social considerando-se os desafi os do contexto. Para Fernandes, o socialismo surge criticando, entre outros elementos, o Estado capitalista como modalidade de democracia restrita, apesar das constituições e das eleições. Com isso em vista e um século de experiências de revolução e contrarrevolução, o autor identifica duas questões centrais para a condução das práticas do partido, e ao longo do texto busca subsidiar a reflexão sobre o assunto: 1ª) A social-democracia, adulterada para servir às nações capitalistas centrais, é viável na periferia e nela perderia o caráter de uma capitulação dos trabalhadores e dos assalariados de outros escalões ao despotismo do capital? 2ª) O PT manterá a natureza de uma necessidade histórica dos trabalhadores e dos movimentos sociais radicais se preferir a ‘ocupação do poder’ à ótica revolucionária marxista?