A questão que Martin Heidegger colocou à totalidade da tradição ocidental tem a ver com o sentido do seu conceito fundamental, o do ser. Ao mostrar que é a partir do tempo que conseguimos entender o ser, demonstrou que a filosofia tem origem na existência de um ser que já não é passível de ser percebido, como defende a filosofia moderna desde Descartes, como um sujeito centrado em si mesmo. Assim, para Heidegger, a questão do tempo não é uma questão filosófica entre outras, mas aquela que só por si pode dar acesso ao que constitui a humanidade como tal. O que Martin Heidegger leva a cabo, ao colocar a questão da relação entre o ser e o tempo, é esta "revolução do modo de pensar", que necessita de uma visualização da "finitude" essencial do homem e do ser. O realçar da historialidade fundadora do pensamento filosófico implica que este já não possa ser definido como uma simples teoria; é, igualmente, a exigência de um empenho existencial que o coloca ao alcance do erro. É, apenas, a partir desta concepção do pensamento que poderemos perceber o empenho político de Martin Heidegger. Uma obra fundamental para se compreender melhor o pensamento de Heidegger e a sua atitude em termos políticos. FRANÇOISE DASTUR é doutora em Filosofia. Especialista em filosofia alemã moderna e em estudos husserlianos e heideggerianos. Professora universitária, responsável de DEA na Universidade de Paris XII-Val de Marne. Dirige, na Universidade de Paris XII, os doutoramentos em Ontologia e Hermenêutica. É presidente e membro fundador da Escola Francesa do "Daseinsanalyse".