Valdeniagô é uma zona de interferência de vozes e pedras de amolar, Inhaúma o escreve como um alquimista invoca forças que não pôde conter. E porque devolve ao poema a força dos feitiços de linguagem. Seu gênero poético é o encantamento de conjurar eguns silvestres entocados no xarpi dos viadutos: noutro dia em que passei por uma rua deserta de Ramos, ouvi o som de crianças, mas eu olhava de cá pra lá e não conseguia apontar onde. Sou como minha tia-vó Zefa, rodeada de mortos sangrentos inundando meu silêncio, os subterrâneos de minha vida. Todos eles ligados a mim, atraídos numa cobra se espiralando por meio de meu sangue, enrodilhada como os gritos das crianças retumbando sabe se lá de onde. Narrativa do fiat do mundo na gira do subúrbio, estes poemas, como os demais do poeta, são carcaça de uma Elba cheirando na esquina do sagrado com profano. [...]