As cotas eleitorais para mulheres estrearam, no Brasil, nas eleições municipais de 1996. A Constituição ainda não completara dez anos. A institucionalidade herdada da ditadura estava sendo substituída, mas muitas das tarefas que a transição democrática se propusera realizar continuavam em aberto – entre elas, a obtenção de uma representação política que melhor espelhasse o povo brasileiro em sua diversidade. Inspiradas em experiências internacionais que começavam a ser colocadas em prática, as cotas visavam enfrentar um dos problemas mais evidentes da representação: a quase completa exclusão das mulheres das esferas de exercício do poder. Deficiências da legislação e peculiaridades do sistema eleitoral brasileiro fizeram com que o resultado das cotas tenha sido inferior ao pretendido.