Habitualmente imaginamos a Revolução Francesa como uma revolta contra as velhas estruturas tanto da política como da religião. Supostamente, aquele foi um ato inconformista que se opôs não só à pompa do regime monárquico, mas também à aura sacra que a ele se vinculava. Será mesmo esse espírito emancipatório absolutamente desprovido de fé? Christopher Dawson historiador tornado célebre pela tese de que a religiosidade é a força-motriz das culturas demonstra que por trás do movimento havido no fim do século XVIII subsistia um verdadeiro panteão. O progresso, a democracia e a própria humanidade encontravam-se alçados à posição de deuses, que exigiam seus cultos, que impunham suas regras e que houveram sido anunciados por profetas. Dividido em três partes, Os Deuses da Revolução investiga os antecedentes, o desenvolvimento e as reverberações daquele estado de espírito. Primeiro um apanhado das ideias políticas influentes desde a Reforma até os primórdios do Iluminismo, com destaque para as figuras de Rousseau e Thomas Paine. Em seguida, uma narrativa minuciosa das décadas de 1780 e 1790, em que se veem os traços de brutalidade da Revolução em curso. Por fim, notas mais interrogativas que conclusivas sobre as consequências daquele movimento.