O primeiro disco de Nara Leão foi uma obra revolucionária. Em Nara, lançado em 1964, a musa rompia com bossa nova para dar voz ao samba e à canção de protesto, valorizando compositores como Zé Keti, Nelson Cavaquinho e Cartola. Essa revolução que, feita com modos suaves, lirismo e belas melodias anunciou o que seria a música brasileira a partir dali é narrada em Nara Leão: Nara 1964, da coleção O Livro do Disco (Editora Cobogó), pelo jornalista e pesquisador Hugo Sukman. Neste LP, que é peça-chave para o entendimento daquele período, mobilizada pela profundidade social do samba do morro, Nara realizou um trabalho, acima de tudo, político. Esse primeiro disco, para mim, foi falar de uma coisa que eu achava muito importante, falar dos problemas brasileiros. Eu tinha muito a ideia de reportagem musical, mostrar ao pessoal de Copacabana o que o morro faz, uma coisa de reportagem mesmo, contou Nara. A narrativa evidencia a maneira pela qual o disco foi capaz de capturar o zeitgeist [...]