A psicologia pode afirmar se alguém mente ou diz a verdade? A psicologia pode dizer se alguém está deliberadamente escondendo o que sabe? Para alguns, a resposta a tais perguntas é um sonoro e robusto sim. São eles autores e partidários de certa psicologia do testemunho que afirma conhecer e demonstrar os sinais observáveis da mentira e da dissimulação. Este livro toma esse campo de saber, não como uma fonte de certezas, mas como objeto de análise e reflexão. Assim, dedica-se a debater o processo de construção da psicologia do testemunho no Brasil, enquanto saber psicológico que se outorga capaz de determinar o valor de verdade dos meios subjetivos de prova em processos criminais, tendo como tópico central a temática da confissão. Adotando como recorte temporal o período de 1930-1960, o estudo percorre dois casos de inquéritos policiais de homicídios, construindo uma narrativa com forte influência foucaultiana sobre a formação da psicologia do testemunho brasileira no que se refere à elucidação da autoria de crime. Analisa conceitos, métodos e efeitos da psicologia do testemunho no sistema de justiça criminal brasileiro e discute sua utilização nos exames para produção de evidências criminais. A autora debate as relações entre o campo da psicologia e do judiciário e demonstra certa lógica na atuação da psicologia no sistema de justiça criminal que perpassa o período histórico estudado e ganha paralelos com a psicologia do testemunho em franca atuação nos dias de hoje. Lógica essa que constitui a tese principal, a afirmação original deste livro, denominada regime de verdade da evidência criminal psicologicamente desvelada.