Tentar entender os sentimentos, os desejos, a postura de quem está à sua volta e, em última instância, a própria existência é tarefa que se apresenta a todo mundo e com o rude fazendeiro Joca Ferrão não foi diferente. Uma janela aberta para uma prosaica pastagem e um porão com cheiro de alho onde guarda um misterioso saxofone que não consegue tocar compõem a sofrida equação na moradia simples que abriga a pequena família: Joana, a esposa, Isabel, a filha, e o bastardo e deformado Dito, que se movimenta de quatro, trotando feito um bicho, como a denunciar tudo que não é dito sob aquele teto. Entre eles, o silencioso cão Tarugo, qual um cérebro a guardar há décadas portas que não devem ser abertas. Réstia de alho é um romance que descreve com leveza a vida na superfície singela, enquanto mergulha nas profundezas de almas aparentemente rasas, mas complexas e indecifráveis.