Dicionários variados definem infortúnio tão-somente como uma infelicidade, uma desgraça, alguma calamidade. Outros ainda são mais abrangentes ao classificarem a palavra e a caracterizam como má fortuna, adversidade, desdita; acontecimento, ocorrência infeliz que sucede a alguém ou a um grupo de pessoas. Fato é que muitos são os que conhecem a natureza real e legítima do infortúnio por experiência própria ou através de testemunhos, e são estes os mesmos que desejam fervorosamente, dia-a-dia, que uma tão indesejada adversidade não se lhes recaia sobre suas pacatas e banais vidas. Mas seria isso possível? Podemos para sempre ignorar e fugir do infortúnio? Dentro desse contexto, o livro de contos Infortúnio surge então para solapar os alicerces de um mundo literário hipócrita onde tudo dá certo ao final, onde as pessoas são sempre felizes e muitas vezes isentas de conflitos interiores ou exteriores. Sabemos muito bem que a vida não é assim; sabemos que a má fortuna nos persegue a todo momento. Talvez, devido ao teor de alguns contos, se acuse o autor de pessimismo e negativismo exagerados em relação à vida. Contudo, venhamos e convenhamos, será que a vida é mesmo sempre boa? Será que tudo se resolve positivamente ao final de nossas jornadas pessoais? Há aqui algo com que se ocupar os pensamentos, de fato, e verdadeiramente.