As filosofias se condensam em enunciados mínimos e autônomos, dotados de propriedades formais que lhes conferem um aspecto notável, assinaturas doutrinárias (Conhece-te a ti mesmo, A existência precede a essência) ou enunciados de alcance universal (Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio, O homem é o lobo do homem). Essas fórmulas emblemáticas circulam entre as grandes obras e são recontextualizadas em textos segundos (doxografias, manuais, dicionários, coletâneas de formas breves etc.). Elas se inscrevem nos usos essenciais à atividade discursiva: memorização, transmissão, ensino, comentário, contribuindo fortemente para tecer o interdiscurso filosófico. Elas exercem igualmente o papel de embaixadoras em relação a outras formas de discurso e no espaço público. No interior de uma doutrina, as fórmulas filosóficas concentram os esquemas especulativos, permitindo a identificação e o desdobramento e, às vezes, nas formas breves ou nos gêneros formulaicos, constituem o modo privilegiado de sua exposição. Os autores deste livro comparam as fórmulas filosóficas a provérbios, sentenças e aforismos, propondo pistas para compreender sua elaboração e sua natureza, relacionando suas características formais, retóricas ou estilísticas a seu valor filosófico. Graças ao estudo de casos diversos (Epicuro, Descartes, Hegel, Feuerbach, Marx, Nietzsche, Wittgenstein, Lévinas, Merleau-Ponty, Foucault, Derrida), questionam o papel de uma escritura formulaica em filosofia.