Nem tragédia, nem comédia, mas ambas. E nenhuma delas. Em O Gigante, Marcus De Martini apresenta uma rapsódia hilariante, mas provocadora, em que as convenções do teatro clássico são puxadas até o ponto de ruptura, desafiando as expectativas de um público que é, passo a passo, levado a um beco sem saída; em que a linguagem oscila entre o obsceno e o poético ora com violência, ora com suavidade; em que as fantásticas personagens mitológicas vão, aos poucos tornando-se figuras conhecidas de nosso tempo; em que o teatro do absurdo vai assim se metamorfoseando, aos olhos do público, em um realismo imediato e sem meias palavras. Uma dramaturgia, enfim, que, sob uma enganosa aparência de inofensividade farsesca, incorpora o hibridismo selvagem da sátira e do monstro que o nomeia.