Vencedor do Prêmio Nobel Alternativo de 2001, Uri Avnery é um dos melhores cronistas da história de seu país - Israel. Com 88 anos, ele é o mais veterano ativista israelense pela paz e há anos ele nos brinda com textos magníficos sobre a Questão Palestina. Em Outro Israel reúne os principais artigos sobre este problema que afeta diretamente a paz no Oriente Médio e em todo o mundo. A organização dos escritos foi realizada pela jornalista Guila Flint.O autor demonstra que há forças na sociedade israelense que não se submetem à propaganda e às justificativas de atos ilegais. Do alto das suas décadas de engajamento duramente vividas, Avnery entrega-se até hoje a indicar que a paz com os palestinos é possível, mas não cai do céu, tem de ser conquistada. Em um de seus contundentes artigos Uri Avnery faz um pedido de perdão emocionante ao povo palestino. “Não podemos continuar ignorando o fato de que na guerra de 1948 – que para nós é a Guerra da Independência e para vocês é a Nakba – cerca de 750 mil palestinos foram obrigados a deixar suas casas e suas terras. (...) durante 60 anos de conflito e guerra, vocês foram impedidos de exercer seu direito natural à independência em seu próprio Estado Nacional livre. (...) Por tudo isso devemos a vocês um pedido de perdão, aqui expresso de todo o coração”. Líder do movimento Gush Shalom (Bloco da Paz), Avnery nasceu na Alemanha profunda há mais de 88 anos, com o nome civil de Helmut Ostermann. O que o singulariza é o fato de, desde 1948-1949, em plena guerra contra os árabes, ter percebido os verdadeiros perigos que rondariam o país com que sonhara. Não seriam os árabes que ameaçariam a ideia de Israel, mas a própria desenvoltura dos sionistas de direita em apropriar-se do sonho hebraico na Palestina.“Quando eu e meus amigos começamos a fazer campanha por esta solução (solução dos dois Estados) em 1949, não havia em Israel e no mundo todo sequer uma centena de pessoas que acreditassem nessa ideia. Hoje, é mundial o consenso em seu favor. A questão é como concretizá-la, frente à inflexível oposição da atual liderança de direita em Israel”, afirma Avnery.No prefácio, escrito exclusivamente para a edição brasileira, o ativista destaca a importância de o Brasil ter reconhecido a Palestina como um Estado. “Um ato assim foi o de Luiz Inácio Lula da Silva ao reconhecer em 2010 o Estado da Palestina – o primeiro presidente de um país ocidental a fazê-lo. O fato de ter sido rapidamente acompanhado por quase todos os países da América Latina mostra que um exemplo brilhante é capaz de inspirar os outros”, exalta o ativista.