O livro de Raquel Stivelman é uma edificante viagem pela diversidade de forma e conteúdo, ou seja, de temas, de gênero e de estilo. O abraço que não tive pode ser considerado ao mesmo tempo um livro de crônicas, ensaios, ideias e opiniões.Mas é sobretudo um desnudamento de alma, uma obra intimista, confessional, mesmo quando trata de questões da vida pública. As evocações pessoais e familiares não diminuem as preocupações com as questões sociais e políticas de nosso tempo.Nos seus relatos estão sempre presentes os traços de sua escala de valores éticos e de seu humanismo, no qual se reconhecem as raízes judaico-brasileiras. Há um pouco de muita coisa nestas páginas, inclusive uma tragédia pessoal. O pungente título se refere à morte da filha com poucos meses de vida, uma perda que teve forte impacto em sua atitude emocional e que marcou indelevelmente a postura filosófica e comportamental da autora, que escolheu essa crônica pessoal como síntese de todo o livro.