Trata-se de uma afecção com aspecto muito amplo, de etiologias distintas, e que se manifesta desde uma forma simples até quadros mais graves, dramáticos, cuja terapêutica apresenta diversas opções e cujos resultados variam de acordo com inúmeros fatores. O diagnóstico e o tratamento da pancreatite aguda tiveram uma extraordinária evolução nestas últimas três ou quatro décadas. O pâncreas era um órgão pouco conhecido, de acesso considerado difícil, e havia uma pequena experiência e nenhuma padronização no tratamento da afecção aguda. Muitos doentes eram comumente operados, limitando-se a intervenção a uma laparotomia não terapêutica. O melhor conhecimento da etiopatogenia da doença e de sua fisiopatologia, os recursos tecnológicos, as medidas de suporte e os cuidados do doente grave determinaram uma grande transformação no diagnóstico e no atendimento dos doentes com pancreatite aguda. Apesar da evolução observada na condução de um doente portador de pancreatite aguda, uma das particularidades da afecção é a divergência quanto a conceitos e resultados do tratamento. As divergências e imprecisões na definição da doença têm gerado muitas vezes dificuldades e "confusão" na caracterização das complicações, particularmente as de natureza infecciosa. As divergências começam no estabelecimento do diagnóstico e na utilização dos recursos complementares, laboratoriais e de imagem.