Contestando o postulado racionalista dominante na tradição acadêmica da leitura de João Cabral de Melo Neto, Imaginando João Cabral imaginando estuda obras ainda órfãs de leitura (os Primeiros poemas), e lê pelo prisma da exaustividade os poemas publicados pelo autor entre 1942 e 1950, analisando criticamente as relações mantidas por ele com as Poéticas surrealistas e simbolistas, a fim de deslocar os conceitos habitualmente associados à ideia de racionalidade para o campo da imaginação. A tese central deste livro, que consiste então em atribuir as competências estrutural e simbólica de João Cabral à imaginação criadora, desdobra-se numa exploração fenomenológica e reflexiva, de inspiração bachelardiana, deslindando a vivência subjetiva e o sentimento legíveis nos poemas cabralinos. Tal estudo da subjetividade do Pernambucano, definida como luta para produzir valores pessoais, desemboca por fim na descoberta de certa contradição que se expressa na recusa pelo poeta de objetivar por meio da linguagem sua relação estabilizada com a história.