Ah, a escuridão não tem fim. Marulhos, relâmpagos, curvas demolidas pelos mortos, pelas mortes, pelos seres em trânsito, em choque, em crise, em revoada. Orificios cerzidos pelas tempestades. Nas trevas, os cegos não vêem as palavras que correm do outro lado do rio, sob a estrada que não leva a lugar algum. A escuridão salpica o horizonte com as cores da maldição. Ah, o negrume, o negrume, o negrume, o negrume sem fim, sem fim, sem fim, sem começo...o negrume que não diz onde começa a noite e termina a luz do desejo. Na vastidão do negro, brilha o que sei e não digo, o que fiz e não pago, o que posso ter cometido e não sei, o que pago e não fiz.