A compreensão de filosofia adotada por Maurício Abdalla é de que ela é uma forma de saber que tem como objeto todo e qualquer fenômeno que se apresente como problema, o qual surge como um desafio à racionalidade dominante. Por isso, o puro pensar sobre os conceitos já pensados, sem referência à relação dos conceitos com problemas existentes, se pode ser considerada atividade filosófica, não é a que constrói a história da filosofia. Observando o presente, Maurício Abdalla percebe um mundo em crise, que apresentam fenômenos que desafiam o pensamento filosófico e exigem dele atenção especial. O autor procura, então, apresentar os sintomas desta crise na natureza e nas relações humanas de produção e sociabilidade. Esta crise tem sua origem na racionalidade burguesa cujo princípio determinante das relações entre os seres humanos e entre estes e a natureza é a troca. Contudo, o tipo de troca que funciona como eixo desta racionalidade não é uma troca solidária e complementária como pode fazer parecer o discurso liberal e a interpretação ingênua do capitalis-mo , mas a troca interesseira e individualista, cujo fim não é a satisfação dos dois pólos envolvidos nela, mas a obtenção de vantagens para um dos lados. E, como o objetivo deste trabalho não é estarrecer o leitor ou propagar o pessimismo, o autor intenta fincar alguns pilares de uma nova racionalidade que possa superar as crises atuais. Esta proposição é a que dá o título ao livro e está fundada no princípio da cooperação.