Para Mounier, uma das principais funções da filosofia e, por extensão, da educação, é a de despertar. Este despertar assume a dimensão de um apelo para nos desinstalar dos nossos "confortos", dos nossos "orgulhos", dos nossos "cansaços", das nossas "ocupações", da nossa "alienação". É um grito contra a nossa comodidade e contra a decadência das nossas estruturas políticas, econômicas, sociais e morais. O "despertar" aqui assume um sentido pedagógico de desafio, como o método da ironia proposto por Sócrates para instigar, para desafiar os seus interlocutores ao debate. Só que para Mounier o despertar não tem a função apenas de debate, da busca pelo esclarecimento das estruturas geradoras da negação da pessoa, mas, especialmente, de assumir uma atitude de afrontamento, de combate e de mudança destas estruturas. Portanto, despertar é uma "tomada de consciência", consciência que implica uma "recusa" dos mecanismos de reificação do homem e, ao mesmo tempo, um apelo a uma intervenção que contribua para a mudança destes mecanismos.