Poesia, essência da vida sob um magno olhar. Há uma travessia pelos versos deste Fernando tão augusto que nos leva à margem azul do vi-ver, basta seguir o menino de luares grandes que navega nas águas do rio Negro como o riso cravejado de vitórias. Venceu a dor porque mantém dentro de si as margens que destila pelo fio da lembrança, associada à certeza de que “os olhos são guardadores de coisas/ o que ele veem, guardam,/ o que não vêem sonham”. E é ele quem diz: “Há dentro de mim um coração menino. Colorido, ágil, pequenino, mais aparece um tambor de brinquedo, de um brinquedo jamais inventado. Traz na pele o verniz da inocência e o ruflar da ambição. E assim vai ele pela vida a fora: firme. Resoluto. Afinado, marcando a cadência do seu destino: Rataplam, rataplam, rataplam...”.O autor de “Musgo e Vento” trabalha o verso, lapidando-o pelos reversos vividos. E destemido, expõe o néctar a desafiar beija-flores: - quem se equilibra no ar para ver “a palavra entalhada na carne” e “num sopro de flauta refazer a rosa partida”?Ler “Musgo e Vento” não é um desafio, ma um encontro de uni-versos: o de Magno e o nosso.“Meu verso é tempo que não meço/ vai por ai por onde nem sequer vou/ é rio corroendo barrancos, margens que me viajam/ águas assanhadas que me trazem cobiças/ penetrando meus ossos./ Sonhos doidos, moídos de amor. Destroços./ E eu navegando... Navegante assim.”Em suas mãos, estão os poemas de um menino que aprendeu a ver o mundo com outros olhos. E o que enxergamos é um homem íntegro com uma química poética composta de elementos que estão na tabela periódica da vida: - oxi-gênio da alma, Poesia.Ataualpa A. P. FilhoProfessor, escritor e poeta. Atual presidente da Academia Petropolitana de Educação.