Temos vivido por espasmos. Essa é uma das marcas dessa época, em que a cada manhã parece acontecer algo histórico, mas com duração de apenas um dia. E logo o acontecimento de ontem é superado pelo de hoje, que será suplantado pelo de amanhã. O que parece grito é som, mas o que diz é ausência. É nesse contexto que as 'Crônicas do estado de exceção' de Idelber Avelar se tornam prioritárias. Ao atravessarem essa condição de anestesia provocada pela repetição, os ensaios deste livro devolvem aos fatos o seu desenho de teia. Restauram as conexões e também as rupturas, retiram o véu que pasteuriza com uma mesma textura o que é diferente. Em uma frase: devolvem o tempo ao tempo.