Compor um livro de Fisiologia projetado para Enfermagem é escrever toda a Fisiologia aplicada à Saúde. Um enfermeiro, no sentido integral do vocábulo, significa saber e manejar tudo sobre saúde e, portanto tudo quanto se refere à Fisiologia Humana projetada à problemática clínica. Enfermagem, a arte de cuidar os enfermos, exige além do domínio da técnica própria, saber por quê está aplicando dita metodologia no paciente que está sob a sua responsabilidade, exige entender o que está fazendo, quer dizer compreender cada passo praticado, no sentido de possuir o conhecimento de cada fenômeno que está acontecendo com o paciente, como também cada elemento introduzido pelo mesmo profissional que está modificando a cada instante uma ou várias funções com cada manobra que realizar ou com cada palavra que pronunciar ou até com sua atitude perante o doente. Quando compreende profundamente toda a Fisiologia que caracteriza a Saúde, poderá saber o significado de cada fato efetuado ou cada manigância, que para o enfermo seria um malabarismo mágico que essa fada ou esse estranho feiticeiro de branco estiver praticando com ele. Então, para o profissional de Enfermagem é diferente: para ele não será um passe de mágica, mas será uma ação lógica, exata, determinada, tão firme que se fundamenta em algo precisado pela ciência, correspondendo a um passo seguro, com fundamento sólido porque a ciência biológica e médica já o acertaram ou o consolidaram como um fenômeno efetivo ou real. Não dá passagem à intuição, ou à inspiração, que sozinhas uma ou outra, fariam o que sim seria um passe de mágica, mas sem saber com exatidão o que poderia depois acontecer. Aquele profissional de branco não está brincando com este paciente, não pode pensar ao acaso, deve racionalizar em base a fatos concretos, efetivos, que não são intuição ou pressentimento, embora estes pudessem surgir, porém seria a razão à que corresponderia avaliar em base ao seu conhecimento - já adquirido - do que esse indivíduo humano estiver experimentando e sofrendo.Quão grande é a responsabilidade desse enfermeiro ou enfermeira, pilar básico da Medicina, que sem ele não poderia chegar a ser efetivamente Medicina!Importante, sem dúvida, é sua atitude, sua generosidade, seu sacrifício e espírito superior, mas este seria fraco e, até ineficiente, se não se cimentar sobre as bases certas e garantidas que o conhecimento científico pode oferecer. Talvez um desses conhecimentos primários que fundamenta a Enfermagem moderna seja a Fisiologia aplicada à Enfermagem.Pelas razões expostas, graças à experiência na docência universitária e, especificamente da Fisiologia em Enfermagem, desenvolvida primeiro na Universidade de Chile e Escuela de Enfermeria del Servicio Nacional de Salud y Escuela de Enfermeria dela Cruz Roja Chilena, durante longos anos de aprendizagem e luta, logo na Escola de Enfermagem São José, iniciada junto à Santa Casa de São Paulo e seguindo nas Faculdades São Camilo e finalmente na jovem Escola de Enfermagem da Fundação do ABC, é que foi o propósito de escrever um texto específico de Fisiologia aplicada à Enfermagem, que alguns sustentam seria mais bem um Tratado de Fisiologia aplicada à Enfermagem, são considerados de modo habitual, incluindo aqueles sólitos da função de Enfermagem Obstétrica e Pediátrica.Especificamente, a Fisiologia é exposta como tal, sem aplicação direta à prática de Enfermagem, porque era o nosso propósito oferecer apenas as bases de conhecimento e do raciocínio lógico dos problemas fisiológicos que, ulteriormente o estudante, ou mesmo profissional, de Enfermagem, obtivesse e aplicasse segundo sua própria necessidade e interesse. Daí não se trata de uma aplicação direta ou imediata, pretendendo resolver problemas na hora. Somente oferece as bases do conhecimento para que o aluno, inteligentemente o aplique em cada situação específica.A característica do texto é estipular o funcionamento do organismo do humano, em base aos fenômenos fisiológicos, como expressão fundamental da Fisiologia, estipulando-se 10 unidades funcionais, partindo da Fisiologia dos Fenômenos Gerais, que serão logo após aplicados a situações mais específica, e considerados nos primeiros 6 capítulos, seguindo depois, tratando a Fisiologia Sistêmica, iniciando-se pela Unidade II, Fisiologia do Fenômeno Reativo, referente em especial ao Sistema Nervoso (capítulos 7 a 21), Unidade III, Fisiologia do Fenômeno Respiratório (capítulos 22 a 29), Unidade IV, Fisiologia do Fenômeno Hidro-eletrolítico (capítulos 30 a 33), Unidade V, Fisiologia do Fenômeno Circulatório (capítulos 34 a 44, incluíndo Exercício Muscular e Atividade Esportiva), Unidade VI, Fisiologia do Sistema Metabólico (capítulos 45 a 49), Unidade VII, Fisiologia do Fenômeno Digestivo (capítulos 50 a 63), Unidade VIII, Fisiologia do Fenomeno Hormonal (capítulos 64 a 78), Unidade IX, Fisiologia do Fenômeno Adaptativo (capítulos 79 a 87, incluíndo os processos de crescimento e envelhecimento) e finalmente no capítulo 88, a Unidade X acerca da Saúde no contexto fisiológico.Incluem-se no texto considerações acerca do Conceito de Fisiologia, da História da Fisiologia e um glossário sobre abreviaturas e siglas usualmente aplicadas na atualidade na linguagem da Fisiologia, especialmente, referente às bases moleculares. Além disso, três addenda relativos aos valores de normalidade do sangue, da urina e de avaliação de funções orgânicas sistêmicas.É o nosso pensamento haver abordado todos os problemas fundamentais da Fisiologia que a Enfermagem habitualmente enfrenta. Se houver algum ou alguns não tratados, solicitamos sua gentileza ou sugestão para incluí-los no futuro.