Não há neutralidade na obra de Raduan Nassar. Pelo contrário, todas as vozes de seus romances e contos são marcadas pelo excesso, pelo não comedimento, pela radicalidade. Seus diálogos são diretos, marcados por um voluntarismo radical que tensiona ao limite o fio da convivência que, por fim, rompe-se em explosões de erotismo, violência, virilidade e sensualidade. Nada resta em pé.traz sempre um certo tipo de virilidade, em colapso, que busca intensa e violentamente subjugar o feminino, revelando a impossibilidade da verdade diante das infinitas vertentes da palavra. Daí a vertigem, a desmedida e o excesso inerentes ao erotismo marcante em sua prosa. Em diálogo com os - ainda poucos - intérpretes dessa obra e com os textos que, oriundos da tradição ou contemporâneos, Estevão Azevedo, jovem talento das letras no Brasil, toma esse erotismo como fio condutor que ele desenovela para revelar a nudez das questões humanas ocultas 'sob a máscara da linguagem [...]A voz de um certo tipo de virilidade, em colapso, diante de um feminino ao qual busca intensa e violentamente subjugar e a impossibilidade da verdade diante das infinitas vertentes da palavra são elementos-chave que a escritura de Raduan Nassar encena. Daí a vertigem, a desmedida e o excesso inerentes ao erotismo marcante em sua prosa. Em constante diálogo com os – infelizmente poucos, diga-se – intérpretes dessa obra e com os textos que, oriundos da tradição ou contemporâneos, nela são entretecidos por uma poética sinuosa e insinuante, Estevão Azevedo, com a perícia e a arte de um virtuose que interpreta um clássico, toma esse erotismo como fio condutor que ele desenovela para revelar a nudez das questões humanas ocultas “sob a máscara da linguagem e o disfarce do cinismo” e que têm como cerne a necessidade de controle – do corpo, das palavras, da voz que narra.