Uma das principais escritoras francesas da atualidade, Annie Ernaux empreende neste livro a ambiciosa e bem-sucedida tarefa de escrever uma autobiografia impessoal. Com ousadia e precisão estilística, ela lança mão de um sujeito coletivo e indeterminado, que ocupa o lugar do eu para dar luz a um novo gênero literário, no qual o registro pessoal se mescla à grande História, numa singular evocação do tempo. Consciente do caráter fugidio e maleável da memória, Ernaux abraça a incerteza e faz dela um trunfo: Assim como o desejo sexual, a memória nunca se interrompe. Ela equipara mortos e vivos, pessoas reais e imaginárias, sonho e história.