Éric Weil (1904-1977) é considerado um dos filósofos mais importantes do século XX. Para ele, a filosofia, ao interpretar a realidade política, tem sempre uma palavra a dizer sobre o que são a violência, a opressão e a injustiça, mostrando, por conseguinte, que o homem é considerado sempre violento em potência. Assim, a filosofia “sabe que a política existe para o homem, não o homem para a política, sabe que sem política, sem uma boa política, a existência humana não teria sentido, não poderia ter um sentido, mas que esse sentido não poderia ser encontrado na política”. Com efeito, existe hoje acalorada discussão em torno da ideia de cidadania. Problematizar essa questão significa perguntar sobre o modelo de sociedade e comunidade política que se quer construir. No que se refere ao debate filosófico atual acerca da noção de cidadania, a filosofia de Weil aborda essa questão e suas implicações com base em um retorno à teoria aristotélica do Estado, compreendido como instituição moral e educativa, com ajuda de Kant e Hegel. Weil, ao articular os dois polos irredutíveis da violência e da razão, elabora uma teoria filosófica coerente e atual na qual o cidadão é o homem considerado sempre violento em potência; porém, por meio da moral e da educação, torna-se capaz de anular essa violência.