“O espaço entre o céu e a terra é comparável ao sopro de uma forja: ela é vazia mas não se exaure, em movimento não cessa de produzir.” Com esta epígrafe de Lao-Tsé se inicia um estudo original da poética de Manuel Bandeira, analisada do ponto de vista da linguagem da ausência e da aprendizagem da morte. Trabalhando na intersecção entre a teoria literária (predominantemente a estilística de Leo Spitzer) e a psicanálise (de Freud a Kristeva, passando por Lacan), a proposta da autora é a de articular vivência psíquica com criação estética, mostrando como Bandeira elabora suas perdas e faltas na materialidade do poema. As figuras da ausência são, na interpretação de Yudith Rosenbaum, o núcleo agenciador de uma pulsão criativa capaz de transformar a tendência melancólica em luto libertador.