O inesperado está em uma constante concomitância com o acontecimento das coisas. Não sei dizer como caminham os pés no chão, não sei dizer como tudo pode ser feito com tamanha perfeição. Eu não sei e, talvez nunca saberei dizer como o universo inteiro acontece no vazio ao derredor… Assim, como tudo aquilo que existe, existo como matéria para abrir o espaço sideral, existo para preencher o vazio, vazio que não tem início, que caminha por toda direção, que não tem nenhum indício de um fim, nenhuma possibidade de retrocessão. Chorei, e creio está chorando até agora, aquele choro que todos ouvirão; eu faço com que todos ouçam. O choro que desvenda o mistério do corpo que existe, constituído de si próprio, a junção de micro – partículas que formam tudo que se ve. E eu, como existência unificada pela matéria prima, percebo cada desejo, sinto cada necessidade de poder ser e escrever algo que nem mesmo eu sei de antemão no que se possa concretizar. Senti e sinto movimento do ar entrando e saindo, fazendo com que meus instintos se fortifiquem para eu poder discernir o que é valioso para existência em si. E, em cada instante de todos os dias vividos, nas horas de inspiração, o movimento das águas está presente como forma de renovação, como minha vontade de permanência, rumo ao próximo passo do novo constante.