A rainha do carnaval, a cinderela do semáforo, a volúpia terna dos primeiros amores são algumas imagens capturadas pela pena fluente de Oleg Almeida, que faz com que passado, presente e imaginário se encontrem em verso. Como no despertar de um sonho, nesta Quarta-feira de cinzas ecoa a memória saudosa de um paraíso perdido. Dessa furiosa nostalgia surgem sonetos e baladas a um amor distante, poemas noturnos - densos e intensos, até os haicais urbanos, leves, líricos e minimalistas. Uma poesia simultaneamente marcada pela intensidade, emoção e pelo sofisticado trabalho com a linguagem. Com sensibilidade e perícia, Oleg Almeida deixa transparecer a sua formação erudita no ofício poético vincado pela atenção à métrica e simetria. Mas, por trás dessa erudição, surpreende-nos com um olhar atento ao cotidiano, com a ousadia de quem aposta no novo sem rejeitar a tradição, eternizando a fúria e o frenesi de um carnaval na forma - perfeita e única - de poema.