Os textos reunidos nesta coletânea sobre os metalúrgicos do Rio de Janeiro atribuem importância fundamental ao estudo da classe trabalhadora no seu fazer-se. Assumem uma perspectiva que valoriza o processo de formação dessa classe e do movimento sindical brasileiros e colocam em debate aspectos ainda pouco explorados na historiografia ao rediscutir, à luz de novas investigações, concepções acerca da partici-pação, muitas vezes contra-ditória, dos trabalhadores metalúrgicos no cenário político-sindical. A história dos metalúrgicos brasileiros talvez se coloque entre as experiências mais significa-tivas no processo de formação da classe trabalhadora no país, certamente constituindo-se, nas últimas décadas do século XX, em fio condutor do movimento sindical. Uma tradição que começou a se construir no início do século passado, tendo a categoria assumido papéis decisivos nos principais eventos políticos desde então, sobrevi-vendo e recriando sua identidade a partir de conjunturas econô-micas e políticas diversas, nas quais foi chamada a responder pelos desafios da sua repre-sentação e da contestação de políticas e práticas lesivas aos trabalhadores. Pode-se dizer que as lutas do ABC paulista, concreta e simbolicamente, coroam a trajetória percorrida pelos metalúrgicos, ao longo do século XX, dando-lhe visibilidade e revelando o alcance de sua atuação. No Rio de Janeiro, os estudos têm demonstrado a importância política e social da categoria. Registra-se a participação dos metalúrgicos fluminenses e dos vários grupos de militantes em seu interior nas lutas pela autonomia e liberdade sindical, nos movimentos nacionais de paralisação pela garantia e aquisição de direitos trabalhistas e nos grandes movi-mentos pela redemocratização do país.