Destituído como sempre de qualquer forma de antropocentrismo, este ensaio de Michel Serres convida o leitor a admitir que a corporeidade constitui um sistema aberto de posturas, criatividade e posições a ser definitivamente incorporado na leitura que se faz do ser humano. Corpo e mente, corpo e pensamento, animalidade e humanidade sempre constituíram obstáculo para sociólogos e antropólogos. Ao priorizarem as relações sociais como foco analítico, esqueceram-se de que sentidos, sentimentos e imagens corporais integram e delimitam o mundo da vida. Por isso mesmo, pode soar estranho o fato de que a abertura deste livro, de Michel Serres, exiba em seu prólogo uma dedicatória a professores de ginástica e guias de montanhismo, esses seres obstinados e corajosos que o ensinaram a pensar.