Desde que as cidades deixaram de ser apenas espaços de relações que abrigavam centralidades, concentravam excedentes do campo e assentavam o locus do poder político e sua reprodução, para se tornarem lugares de (re)produção e consumo capitalista em escalas que tendem ao global, seus espaços tornaram-se mercadorias e, cada vez mais, alvos de disputas e negócios que os promovem de acordo com os interesses do capital, em especial, do capital financeiro e das classes que ocupam posições estratégicas e gerenciais no Estado. Neste contexto, com a cidade sendo tomada por tais intencionalidades, devemos ter atenção às disputas em torno das diferentes formas de dominação e apropriação do espaço, tanto no campo simbólico quanto material. As distintas formas de lutas/disputas não ocorrem somente na confrontação política de diferentes classes e grupos sociais em torno de determinados eventos ou acontecimentos, mas se encontram diluídas e, por vezes, invisibilizadas no cotidiano da cidade e suas práticas espaciais. Essas podem ter como centro ou alvo de disputa projetos de intervenções ou reformas urbanas, projetos de políticas de segurança, programas habitacionais, políticas culturais, dentre outros objetos. O jogo espacial, porque político, social, econômico e cultural, é contínuo e incessante e se realiza através de diferentes formas de dominação e apropriação na reprodução da vida urbana cotidiana e nos seus diferentes espaços – área central e centros históricos, zonas portuárias, subúrbios/periferias, favelas, conjuntos habitacionais, bairros ou zonas de elites etc.