Em seu livro Hertz, Wittgenstein e a Representação do Mundo, Eduardo Simões argumenta que Os princípios da mecânica: apresentados em uma nova forma do físico e filósofo da ciência oitocentista Heinrich Hertz lançam luz não apenas sobre alguns conceitos centrais do Tractatus de Wittgenstein, mas sobre a sua filosofia da ciência - sobre o sentido de suas teses metacientíficas, e o seu desapreço por alguns tipos de filosofia especulativa. Embora a literatura especializada não raramente registre as menções a Hertz no Tractatus e em manuscritos anteriores de Wittgenstein, assim como os seus estudos de engenharia mecânica e matemática antes de se dedicar à filosofia, poucos estudiosos se aventuraram a examinar a reformulação da mecânica newtoniana proposta nos Princípios para uma avaliação, de direito, da sua presença no Tractatus. Eduardo Simões não se furtou de tal análise. Eduardo Simões reconhece que a influência de fato dos Princípios sobre Wittgenstein é difícil de estabelecer. Todavia, mesmo que as diferenças manifestas entre os objetivos e estilos do Tractatus e os Princípios sejam levadas em conta, não se pode ignorar o forte sabor kantiano de ambos. Essa semelhança por si só justifica o estudo aqui empreendido. Diante da complexidade dos temas abordados, com os quais Eduardo Simões lida com confiança e fluência, acredito que Hertz, Wittgenstein e a representação do mundo será de proveito para aqueles interessados nas filosofias da ciência de Hertz e Wittgenstein.