"Saber é reconhecer a presença de uma pergunta perturbadora e onerosa, tão inadiável quanto insuportável, e que é necessário saber/escutar/prestar atenção/conversar de outro modo. Então: não é a comunicação, mas a conversa; não mais a designação substantiva, mas a narração aberta; não mais uma exposição sobre o outro, mas uma exposição ao outro; não mais a necessidade ou a utilidade, mas o sentir curiosidade, o prestar atenção. A arte da narração, como já se sabe, foi sacrificada e subestimada em nome da razão, do esclarecimento, das linguagens codificadas dos meios de comunicação e dos dispositivos de saber institucionalizados. Na verdade, a modernidade a desprezou por sua proximidade com o senso comum, demasiado aprisionado pela corporeidade e suas questões, carregado de uma subjetividade tal que se torna um impedimento ao conhecimento objetivo."