Um jacaré vivendo no esgoto de uma grande cidade? Não, não é mais uma lenda urbana. Em seu romance mais ousado, o jovem escritor Santiago Nazarian, uma das vozes mais originais que a literatura brasileira viu nascer nos últimos anos, oferece ao leitor um jacaré urbano, frustrado e existencialista, que usa sua bocarra não apenas para mastigar, mas também para dissertar sobre sua infeliz condição de réptil que perdeu o reinado sobre a terra: "O erro dos dinossauros foi querer aparecer demais", reflete este jacaré-narrador, que, numa espécie de crise da adolescência, abandona a vida confortável e natural de seu pântano natal para desbravar o mundo. Nazarian, que já escreveu sob o ponto de vista de narradores masculinos e femininos, busca, em "Mastigando humanos", o desafio de narrar uma história sob o ponto de vista de um animal. Em alguns momentos soturno, violento e até filosófico, este quarto romance - o primeiro lançado pela editora Nova Fronteira - também é o mais sarcástico e cheio de humor.