A voz da casa é uma história sobre o tempo e a amizade. Os gregos já nos disseram que o tempo é o grande predador que tudo cria e tudo destrói. Só não destrói a memória e os sentimentos. Neste livro ele atua sobre as pessoas e também sobre a casa, e a narradora é o elo que costura os tempos, revelando ao leitor o lento esboroar da casa e de seus moradores. Contudo, ela registra também a constância de seu amor pela família que se vai, um bem-querer simultaneamente firme e precário. Firme porque ancorado nas lembranças de seu convívio com a família, que a recebia na copa, com toda a intimidade, partilhando o seu afeto e as delícias da cozinha árabe. Precário porque o passado não o sustenta mais, e o futuro ninguém sabe o que trará. Mais do que testemunha de um tempo, a narradora é a própria voz da casa, expondo suas perdas, a família que partiu lenta e inexoravelmente, a decadência que o tempo trouxe consigo. Ferida de morte, a casa expõe sua nudez e sua fragilidade nas fundas (...)