O que pode haver de tão inspirador num poema para ser traduzido para tantas línguas, por alguns dos maiores tradutores, críticos e escritores do mundo? Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé, Machado de Assis e Fernando Pessoa são apenas alguns desses nomes. Mas poucos conhecem traduções como a de Didier Lamaison, Emílio de Menezes, Gondin da Fonseca, Benedicto Lopes, Alexei Bueno, Jorge Wanderley e a de Milton Amado, segundo Ivo Barroso, a insuperável em Língua Portuguesa. Um dos mais belos poemas produzidos pelo gênio humano, O corvo, de Edgar Allan Poe, é notável por sua musicalidade, pela métrica exata, pelos jogos fonéticos e pela composição das palavras – que cria uma atmosfera forte e sobrenatural. Por tudo isso, traduzi-lo para outro idioma é tarefa das mais densas. Eis a grandiosidade da obra de Ivo Barroso, escritor e mestre no ofício da tradução: trata-se de um estudo completo e complexo a respeito do genial e enigmático poema, mas também um verdadeiro ensaio sobre os desafi os da tradução, em que o trabalho de diversos tradutores é comparado, e suas opções e soluções, discutidas.