Cosmos Três olhares sobre a Rússia é um instigante livro de fotografias, com interesse posto especialmente sobre o que significam, ali, as pessoas e um tanto sobre a história recente da Rússia. Como observa Diógenes Moura, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, elas (fotografias) nos mostram um aspecto do sentimento russo diante da sua memória, do seu futuro, da sua procura, da sua espera. Estão aí presentes, como pano de fundo, Moscou e São Petersburgo, e nestas duas cidades os três fotógrafos escolheram o que seria mais significativo e marcante para caracterizar o homem russo na atualidade. O leitor atento pode verificar as diferentes escolhas dos olhares. Talvez conclua que Maurício Nahas capta de preferência rostos de extraordinária expressividade, os quais parecem observar, por sua vez, quem os observa. Ou, então, talvez chamem a atenção, nas fotos de Paulo Mancini, especialmente os espaços, trens, salões com gente dispersa, da qual os rostos são apenas presença de pouco relevo; além de luminárias numerosas penduradas de um teto, como a insinuar que as coisas também possuem alma e ela pode ser revelada por uma fotografia. Sem dúvida, há muito mais que isso, e o leitor pode realizar leitura bem diversa do que aqui se insinuar. Resta Ricardo Barcelos, com fotos que fixam também juventude e erotismo e estão atentas àquilo que se convencionou chamar de beleza, talvez neste caso a beleza russa. Livro espaçoso, forte no que mostra e revela. Sem dúvida, um precioso acréscimo ao que já se conhece da Rússia no Brasil, por meio da literatura de alguns de seus grandes autores, sua música e seu balé.