O boulevard do crime é um texto intencionalmente lúdico em que ficção e realidade, cinema e teatro estão engenhosamente entrelaçados, com suas fronteiras confundidas. Em seu livro, Jill Forbes revela os motivos pelos quais o filme é um marco incontestável do cinema francês. A começar pela harmoniosa parceria entre o pintor-poeta-roteirista Jacques Prévert e o diretor Marcel Carné. Depois por ser uma das maiores realizações cinematográficas francesas: uma superprodução de mais de três horas de duração, usando um gigantesco set de filmagem e a participação de 1.500 figurantes. Radical e escapista, festivo e melancólico. Para Jill Forbes o filme consegue alinhar outros opostos como as tradições de alta cultura e do teatro popular: Esses enfants du paradis (do título original) são os espectadores populares, cujos gostos eram considerados, na era demográfica e pós-clássica introduzida pela Revolução, mais nobres do que os das mais antigas platéias aristocráticas e burguesas.