A meia luz do armário é uma narrativa delicada e sutil que conta a história de uma família que se isola durante a pandemia de COVID-19 em um sítio na cidade de São João del Rei, em Minas Gerais. Apesar de conviverem sob o mesmo teto, a família não é muito próxima, exceto pela relação íntima entre Antônia e seu irmão Luis. O marido de Antônia, Augusto, é um homem calado que guarda questões que o perseguem há anos e que começam a emergir nessa convivência sufocante. O livro de estreia de Fernando Lemire traz uma discussão densa sobre a homofobia internalizada com a sutileza que o tema pede. Com uma narrativa curta, mas potente, A meia luz do armário é uma leitura bela, triste e muito real que nos faz refletir sobre a frequência dessas histórias no cotidiano e a importância de compreender e enfrentar a homofobia internalizada. O livro tenta mostrar que a saída do armário é diária e o primeiro passo para essa descoberta diz respeito apenas ao indivíduo envolvido no processo.