A poesia de Fadul M. é culta, experimental, investigativa. Não apenas incorpora a experiência de leitura como explora diversas de suas possibilidades criativas. Dialoga com poetas do passado, com a poesia contemporânea, com a poesia amazônica. A tradição aqui não é bem um monumento, mas uma constelação, isto é, um amplo conjunto de singularidades organizadas em traços imaginários, cujo centro é o vazio. As palavras de Walter Benjamin assombram o livro, desde sua epígrafe. Trata-se de pensar os fragmentos, identificando seus extremos, a fim de enfrentara descontinuidade incontornável. Poeticamente, não deixa de ser também o desafio das imagens, o trabalho com padrões figurativos. Espectros, fantasmas, ruínas, por sua opacidade e sua indecidibilidade, colocam o descontínuo e o vazio não como pontos de absoluta cegueira, mas como assombros, como lugares de enigma, dispositivos cifrados. [...]