No livro A utopia no cinema brasileiro - matrizes, nostalgia, distopias, a renomada pesquisadora e professora Lúcia Nagib lança seu olhar crítico sobre o cinema brasileiro da década de 90, enfocando a continuidade e as transformações das visões utópicas num período que se caracterizou justamento pelo anúncio do fim das utopias. Num momento em que a atenção da crítica está voltada para a produção de documentários, a autora se debruça sobre os filmes de ficção e propõe a discussão sobre as possibilidades do cinema ficcional como revelador do processo histórico do país, analisando filmes de diretores como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Carlos Diegues, Walter Salles, Toni Venturi, Beto Brant e Fernando Meirelles, entre outros. Lúcia Nagib levanta questões sobre as diferentes formas que adquire a utopia e sua ausência em uma vasta gama de filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol, Central do Brasil e Cidade de Deus, constituindo um verdadeiro guia crítico do cinema brasileiro. A autora ilumina seu percurso reflexivo recorrendo a pensamentos de filósofos e teóricos do cinema e também resgata os diversos mitos fundadores do país. A análise se estrutura a partir de aspectos como as transformações do caráter simbólico das imagens do mar e do sertão, os projetos de reconstrução da identidade nacional, a utopia antropofágica, o mito de Orfeu, o processo de adaptação literária e a distopia no cinema urbano. O livro abre um leque de interpretações esclarecedoras e surpreendentes, revelando a riqueza e complexidade de obras seminais da cinematografia brasileira e mundial e refletindo sobre o cinema como expressão de um mundo em constante transformação.