Viavária, de Iacyr Anderson Freitas, é um livro novo e depurado. Composto de 10 partes, os poemas são nelas distribuídos como uma espécie de “roteiro de leitura”, sendo, ao mesmo tempo, concentrados temáticos e formais. O título do livro – Viavária – é um feliz achado, que indica os múltiplos caminhos realizados pela extensa e consistente produção poética de Iacyr. Porque neste livro, esses concentrados poéticos, são cristalizações de sua própria poesia anterior, da poesia brasileira moderna (e modernista), da poesia nossa contemporânea e, ainda, dos novos rumos do poeta. Os temas mobilizados nos poemas são amplos e variados. Há o Brasil e Minas Gerais, de ontem e de hoje, as cidades, os processos sociais e as gentes neles, com ganhos, perdas e danos. A memória se repõe continuamente esclarecendo sujeitos obscuros (que somos nós), ora incompletos ora iludidos de si e dos outros. E também memórias de coisas quase mortas, mas persistentes e amores em desvãos, raramente à luz do sol. Essa variedade sobressalente do olhar e da voz de um poeta consumadamente moderno e contemporâneo se expressa em variadas formas poéticas (há inclusive métrica e rima em diversos poemas) através de dicções variadas, entrando o humor, a ironia, a melancolia, a meditação e não raro um certo enjoo frente à matéria do mundo.