Aécio Neves fez uma carreira política fulminante. Logo após a morte de seu avô, Tancredo Neves, foi eleito deputado federal com mais de 230 mil votos. Na sua primeira reeleição despencou para pouco mais de 40 mil votos. Dois anos depois, foi candidato a prefeito de Belo Horizonte. Terminou em terceiro lugar, com 15% dos votos, mas construiu uma base eleitoral na capital mineira que lhe renderia muitos dividendos por longo período. Nas campanhas seguintes, se reelegeu com 180 mil votos e começou a sonhar mais alto. Em disputa interna, conseguiu se cacifar como líder de seu partido na Câmara de Deputados e, mais tarde, líder do governo FHC e Presidente desta casa legislativa. A candidatura ao governo estadual de Minas Gerais aparecia no seu horizonte, mas poucos esperavam que emplacaria da maneira como ocorreu. O então governador Itamar Franco percebeu que sua reeleição tinha sido interditada e buscou articular um contragolpe lançando a candidatura de Aécio Neves para o governo estadual. O deputado tucano se elegeu, em 2002, com mais de 5 milhões de votos. Foi reeleito em 2006 com mais de 7 milhões de votos. Como governador, se apresentou como administrador público moderno e adotou como seu principal mote o que cunhou como Choque de Gestão. Seu caminho parecia tranquilo, dado que se aliou com o então Presidente Luís Inácio Lula da Silva num acordo que beneficiou a ambos durante oito anos. Este livro trata dos oito anos do governo mineiro de Aécio Neves. Aprofunda a lógica e os instrumentos do Choque de Gestão e sua administração tortuosa que esbarrou, por diversas vezes, com o clientelismo regional que o governador estabeleceu em cada região do Estado. A intenção é apresentar ao leitor uma visita ao percurso de construção política de Aécio Neves em Minas Gerais. Como sua carreira vertiginosa, sua estrutura política se revelou como um potencial que não teve longa duração. A análise aqui contida procura desvelar este enigma mineiro.