O leitor encontrará nesta obra dois tópicos de gramática da língua portuguesa em que a explicação foge dos compêndios tradicionais ao trazer não só os fundamentos teóricos e uma gama variada de exercícios de compreensão - muitos dos quais, extraídos de vestibulares - mas, também, a problematização que envolve os referidos tópicos no atual ensino de português. É o caso do emprego de para mim antes de verbos no infinitivo, em que a maioria dos falantes prefere, por exemplo, a expressão "Disseram que era pra mim ficar calado" a utilizar a forma correta "Disseram que era pra eu ficar calado", numa generalização equivocada e difundida em escala preocupante, de contornos quase irreversíveis, que não distingue nenhuma classe sócioeconômica e cultural. Ao que parece, o atual ensino perpetua esse equívoco. A abordagem da crase, também outro caso sintomático porque muitos confundem-na com nome de acento, é feita de uma forma objetiva e didática com o intuito de - espera-se - livrá-la do estigma de um "mistério insondável", conforme as palavras de Celso Pedro Luft. Os cinqüenta testes elaborados a partir de situações do dia-a-dia fornecem a oportunidade de verificar a quanto anda o seu idioma em meio ao festival de expressões absurdas que se ouvem por aí.