O paradigma civilizatório predominante nos países considerados desenvolvidos, bem como no Sudeste brasileiro, confere até hoje total prioridade à transformação da matéria inorgânica, à utilização massíva da mecânica das máquinas e ao emprego em larga escala dos combustíveis fósseis. A aplicação desse paradigma na Amazônia brasileira e na Amazônia continentail acarretara o maior desastre ecológico dos últimos séculos em uma área que representa quase 60% do território brasileiro e quase um terço do continente sul-americano. A motoserra e as queimadas que devastam a vida nessa macror-região, a mineração indiscriminada e irracional que explora o seu subsolo, o mercúrio que polui e envenena suas águas, o uso dos combustíveis fósseis, a ausência injustificável de um Estado, que nela atua apenas com palavras vazias de ação, levarão a Amazônia a desperdiçar irremediavelmente sua extraordinária biodiversidade e a se transformar, nas próximas décadas, em um irrecuperável cerradão. Como construir na Amazonia uma nova civilização da vida e a serviço dos seres vivos, com uma presença efetiva e eficaz do Estado, bem como a mobilização consciente da sociedade civil residente neste bioma peculiar e com o apoio de todaa sociedade civil brasileira - constitui o objetivo da presente publicação. Ademais, esse objetivo será ampliado na medida em que esse paradigma civilizatório venha a ser aplicado também, na mutatis mutandis, a todo o Brasil subtropical