Uma noite, no terminal rodoviário de Ancara, Ömer Eren, famoso escritor, vivendo uma crise de bloqueio criativo, testemunha um tiroteio envolvendo um casal de jovens curdos. Uma criança é morta. Abalado pela cena,ele decide se refugiar em Anatólia, onde vivera como militante esquerdista, esperando reencontrar a "palavra perdida". Enquanto isso, Elif, sua esposa, uma cientista de renome, prepara-se para participar de uma conferência na Dinamarca, confiando que a viagem possa ser um reencontro com o filho único, Deniz, em exílio na Noruega desde a morte da esposa, vítima de um atentado em Istambul. São casais que se partiram e que tentam se remontar suas vidas no mundo atual, em meio a conflitos íntimos e políticos. Palavra perdida é também uma ode à palavra, à língua como meio de compreender o outro, como expressão e forma de unir a humanidade. Uma alusão aos nossos ideais, às nossas esperanças de um mundo melhor. O enredo, que se desenrola através da vida e da tragédia de um jovem casal curdo, mostra a violência envolvida na tentativa de dominar uma língua e de uma cultura. A autora demonstra como a perda ou a supressão da palavra representa uma das formas mais cruéis de violência que podem ser imputadas a um indivíduo ou a um povo. Ela fala ainda sobre as formas de violência do mundo moderno desde a dissecação de cobaias em laboratório, a imposição de nossos valores às crianças, atentados e guerras étnicas. Oya Baydar ausculta com acuidade incomum a relação entre Pais/Pátria e seus filhos, quer tocando na angústia de famílias desgarradas, quer tomando a palavra dos curdos, vítimas de opressão na Turquia.