A Rússia de Putin tem sido palco de fenômenos que remetem a diferentes períodos de seu passado, fazendo do país um verdadeiro amalgama das eras imperial (czarista) e soviética. Temas como a centralização do Estado na economia, a imposição de obstáculos a opositores políticos, o aperto do controle pessoal sobre o poder, o retorno da religião como fator de identidade nacional, a negação aos princípios liberais como modelo social, a afirmação da especificidade ‘civilizacional’ russa são apenas alguns exemplos de como a Rússia dos anos 2000 se reformatou domesticamente. No plano internacional, presenciou-se a volta de discursos acerca de uma iminente ameaça externa ao país (representada sobretudo pela OTAN), a defesa da posição tradicional da Rússia como Grande Potência fundamental do sistema, o retorno de projetos de integração econômica regional no espaço pós-soviético, assim como a retomada das intervenções militares em países vizinhos (e mesmo no Oriente Médio) [...]