Gestão do multilinguismo permite projetar nas intervenções linguísticas, de forma muito mais plástica, os efeitos e as consequências de uma circulação do poder, na acepção da microfísica de Foucault, abrindo caminho para políticas linguísticas da complexidade, constituídas por vozes em alternância e em movimento. Enxergar o multilinguismo não significa, entretanto, dizer que as línguas não existem, como reconhecer que as florestas são organismos com vida própria não significa dizer que as árvores não existam. Elas têm a sua ontologia afirmada e realizada diariamente nos efeitos da sua existência na vida das pessoas e das sociedades. Significa apenas dizer, como na física bootstrap, que as línguas não são partículas elementares da matéria e, sim, portos de passagem na vasta rede de conexão que chamamos de multilinguismo. Gilvan Müller de Oliveira Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (UCLPM)