Nós compartilhamos você e entendemos algumas coisas próprias nossas. Escrever lado a lado esta orelha exige duas mãos que tentam se confundir, mas não conseguem porque são duas escutas. Temos que ceder um para o outro o entendimento dos versos. Lemos assim e assado. Para você talvez fique claro nesta carta de mil linhas quem é quem. No fim das contas, não importa. Os versos falam para além de nós, de você. Em O amor e outros sufocos há uma vontade de distrair-se da vida, mas uma tensão sempre atenta para o abismo, para a queda. Você diz para si mesma o querer outra, para a que não foi, quer ser, mas reage e não acredita que pode. Vai em frente. Pensa e duvida, para. Segue. Fala que sim. Não morre na cama. Nunca morreu. Vida, sua vida. Comeu fatias vagarosamente, guarda a com mais recheio para o amanhã. E não há, nunca houve. Ora parece uma estranha absorvida por algum insignificante já em decomposição. Ligeira, você faz a compostagem de um verso para o outro excluindo os (...)