O poeta não deveria ser demasiadamente subjetivo ou hermético, tampouco realista e lógico o suficiente para ser taxado óbvio e morno. O poeta é um enternecedor, sua vertente é o atalho ladrilhado pelas múltiplas pedras brutas do caminho. O poeta é apenas o necessário, o quase silêncio e suas consequências. A poesia é comoção, é a impressão e expressão de um lirismo próprio e único, por vezes fragmentado e negativo, mas vivo. Poesia é o equilíbrio de estética, ritmo e um conteúdo condensado, como prismáticas e essenciais gotas de chuva. A poesia são rastros permanentes de outros grandes ou menores e esvaídos poetas que outrora por aqui caminharam e, de certa forma, deram cor e voz a condição humana. Deixo aqui meus próprios sinais, minhas primeiras marcas rupestres dentro e fora desta mítica caverna em que habitamos: Rastros de comoção ímpar é um livro duro, múltiplo e encantador como cada instante da vida e suas infinitas possibilidades.